terça-feira, dezembro 05, 2006

Os Defensores do Não que foram Defensores do SIM

Uma colega de faculdade, defensora acérrima do NÃO, em jeito de provocação, disse-me: " Em Letras estão, hoje, numa conferência, os causadores da possibilidade de haver IVG nos E.U.A. Só que hoje em dia, já são contra. Vêm explicar que aquilo deu buraco."
Gosto muito da colega em causa, e, por isso mesmo, não pude deixar de lhe responder: "Adoram aqueles que já estiveram dos dois lados da barricada e agora escolheram-vos".
Não foi a resposta a altura.
Os defensores do NÃO têm uma força que os do SIM não têm. São inconvertíveis. Não haverá argumento que os demova. Se fosse provado que não havia vida humana, por A+B, mesmo assim, seriam pelo NÃO. Se a base jurídica fosse inequívoca, e permitisse, sem qualquer somba de dúvida, interromper a gravidez, seriam contra. Se estou errado, que me corrijam. Não penso estar errado. O que move os defensores do NÃO é algo mais forte. Não importa dizer o que é. Interessa é saber se o que disse supra é verdade ou não.
Por seu lado, os defensores do SIM têm uma particularidade, quanto aos defensores do NÃO: são flexíveis. Pelo menos, falo por mim. Se me convencerem que não está em causa a saúde da mulher, que há vida humana, que o Direito proíbe, totalmente, e que, por fim, faz sentido trazer ao mundo uma criança que sofrerá, não terá chance de ser feliz, foi fruto de um falso amor ou que será um ser desprezado pelos entes próximos, confesso que estou aqui para mudar de opinião. Só defendo o que defendo enquanto acho que tenho razão.
Por enquanto, pugnarei pelo SIM, essencialmente, por dois motivos:
- Porque sei que niguém me convence de que o contrário está correcto;
- Porque só uma pessoa o tentou fazer, e não conseguiu.
Uma última nota: Não pude ir à conferência que anunciei. O meu colega epb já o disse. Foi com pena minha. Esteve presente o Professor Menezes Cordeiro. Outro dos vultos do Direito, em Portugal. Aconselho, vivamente, o seu "Tratado de Direito Civil" Tomo III, na parte da tutela dos nascituro. O Professor é pelo NÃO e defende-se com armas fortes. Leiam se puderem. Não se esqueçam é do espírito crítico, porque se o tiverem, conseguem suplantar o raciocínio ao fim de 10 minutos.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Por enquanto, pugnarei pelo SIM, essencialmente, por dois motivos:
- Porque sei que niguém me convence de que o contrário está correcto;"

Partindo deste principio creio que a flexibilidade está comprometida à partida.

Apenas um argumento...certo que nao o convencerei dada a sua flexibilidade:

- às 2 semanas o feto possui o primeiro esboço de coração
- às 4 existe vinculação mãe-bebé efectiva.

Cero que não encontrará isto no tomo III, sugiro que procure em livros modernos de Obstetcricia e de Psicologia.

Se sentimentos não são uma manifestação de vida, então não sei o que será.

Nota - Os meus parabéns!É o primeiro blog pelo SIM que vejo apresentar argumentos, opiniões e alternativas para informação. De facto, assim vale a pena tentar perceber os argumentos do SIM. Argumentos válidos mas até agora não convincentes para mim.

Cumrimentos

12:37 da manhã, dezembro 06, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Vai ver quem são essas pessoas em causa: que foram pelo Sim e hoje são pelo não. Podes ver no blogue os links para a página desse movimento e de um artigo que eles linkam, escrito por uma mulher que foi violada e abortou: "Aguento uma nova violação, um novo aborto é que não".

1:43 da tarde, dezembro 06, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Contra-argumento ao argumento "sabem lá quais são as consequencias psicológicas de uma mulher ter uma gravidez indesejada?":

"Professor David Fergusson, an atheist, pro-choice researcher in New Zealand, was concerned about the poor research into the costs and benefits of abortion, the most common surgical procedure young women will undergo. He wanted to show that there are no negative psychological consequences to abortion for women. He found just the opposite."
"A large, international, long-term study shows that at age 25, 42% of women who had had an abortion also experienced major depression in the past four years."

Será um estudo internacional suficiente?

9:01 da tarde, dezembro 06, 2006  
Blogger Лев Давидович said...

Obrigado pelos comentários. Só queria deixar uma nota ao primeiro comentador. O tomo III, que citei, tem argumentos pró-não e é um livro de Direito. A perspectiva científica é importante, mas outra base relevante é o Direito, só isso. Mas o interessante, é que esse manual tem boas lições embriologia, daí a minha sugestão.
Obrigado pelo Link que deixou, Daniel. De facto, há afirmações que ficam para a eternidade.

9:15 da tarde, dezembro 06, 2006  
Anonymous Anónimo said...

A exposição feita pelo(a) anonymous é bastante boa. Na verdade, seguindo o que disse, parece-me que considerar um feto, nos seus primeiros dias de vida, um não-ser humano é semelhante a equiparar alguém que esteja em estado "vegetativo", padecendo de grave paralisia, a outro não-ser. Pois, de facto, estaria desprovida tal pessoa daquilo que mais caracterizada um ser humano - a emotividade e a racionalidade. Ora a grande diferença entre mim e alguns defensores do não (e respeito a posição, em particular, do sr. EPB, só estou a expor a minha) é que em caso de dúvida eu opto por chamar ao feto ser humano. Porquê? Porque na dúvida optar pela melhor das alternativas, e a morte não me parece ser a melhor. Sendo um ser humano, e talvez o mais débil do seu género, deve ter ainda maior protecção que nós... crescidos!

8:30 da tarde, dezembro 07, 2006  

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