Moralidade
Ter-me-ão dito uma vez que, para saber quando começava, mesmo, a vida humana, seria necessário frequentar um curso de filosofia e outro de medicina. Para que houvesse certezas, não era má ideia licenciar-me em ciências.
Tal é impossível.
Quem me recomendou este inter eterno fê-lo numa discussão séria sobre o começo da vida humana e questões relacionadas com ele: se seria necessário protegê-la(à vida), se já seria digna de protecção, se, no ventre materno, já se poderia chamar vida ao feto. Tudo perguntas sérias, importantes e que devem mesmo ser respondidas. A seu tempo, assim farei. Por ora, trato apenas de levantar uma singela questão: é assim tão central saber da questão do começo da vida, quando falamos de IVG?
Dir-me-ão aqueles que estão do outro lado da barricada que é só a questão central. De resto, é a base do raciocínio deles, esse e o argumento económico que, considerado até às últimas, chegaria para defender o fim das eleições, sob pretexto de gastar os dinheiro dos cofres do Estado. Dispensado o segundo, vamos centrar o post no começo da vida e sua importância para a IVG.
A lei, mas também toda a sociedade, pune quem quer que atente contra a vida humana. Homicidas, assassínos, toda a espécie de fascinoras que terminem a vida alheia contra a vontade do seu detentor, ou mesmo com o seu consentimento, vêem castigada a sua conduta e reprovada a sua acção. Qualquer grupo organizado de seres-humanos tem de agir assim. A dissertação acabava agora se eu partisse a situação em duas soluções e decretasse que, se há vida humana no feto, a abortista teria de ser presa e pagar pelo atentado a um direito humano básico. Se dissesse, todavia, que não havia vida humana, não há crime sem lei e, portanto, quem interrompesse a gravidez não teria que pagar divida alguma à sociedade. Mas não posso adoptar estas facilidades. Primeiro que tudo, sugiro que se atente ao número mágico 10. É de 10 semanas o limite. Em Inglaterra são mais. Porquê? Se há vida antes das 10 semanas, para além desse prazo pior. Por que é que se autoriza a IVG até mais tarde? Outro pormenor: desde a concepção, não há hipótese de se considerar vida a forma que vai habitar o aparelho reprodutivo? Se sim, porque é que se usa preservativo para evitar que ela siga o seu percurso natural?.
O que se vai perguntar, verdadeiramente, no referendo não é se se está a matar uma vida. Não se pergunta se se pretende liberalizar o "aborto". Não se vai instituir a IVG como método contraceptivo. Nada disto é verídico. Nada do que é vendido é o que se pergunta. A questão, para todos aqueles que forem votar, espero que muitos, é esta: deve ou não a mulher ser punida se decidir interromper voluntariamente a gravidez. Deve ou não continuar a ser punida, nos termos da lei penal, um ser-humano que decida escolher o que melhor entender para si, sem que a sociedade doutrinada a decida condenar.
A pergunta não é sobre a vida, é sobre as escolhas do ser-humano. Está a causa saber se aceitamos a Liberdade, ou se a contemos num baú.
Tal é impossível.
Quem me recomendou este inter eterno fê-lo numa discussão séria sobre o começo da vida humana e questões relacionadas com ele: se seria necessário protegê-la(à vida), se já seria digna de protecção, se, no ventre materno, já se poderia chamar vida ao feto. Tudo perguntas sérias, importantes e que devem mesmo ser respondidas. A seu tempo, assim farei. Por ora, trato apenas de levantar uma singela questão: é assim tão central saber da questão do começo da vida, quando falamos de IVG?
Dir-me-ão aqueles que estão do outro lado da barricada que é só a questão central. De resto, é a base do raciocínio deles, esse e o argumento económico que, considerado até às últimas, chegaria para defender o fim das eleições, sob pretexto de gastar os dinheiro dos cofres do Estado. Dispensado o segundo, vamos centrar o post no começo da vida e sua importância para a IVG.
A lei, mas também toda a sociedade, pune quem quer que atente contra a vida humana. Homicidas, assassínos, toda a espécie de fascinoras que terminem a vida alheia contra a vontade do seu detentor, ou mesmo com o seu consentimento, vêem castigada a sua conduta e reprovada a sua acção. Qualquer grupo organizado de seres-humanos tem de agir assim. A dissertação acabava agora se eu partisse a situação em duas soluções e decretasse que, se há vida humana no feto, a abortista teria de ser presa e pagar pelo atentado a um direito humano básico. Se dissesse, todavia, que não havia vida humana, não há crime sem lei e, portanto, quem interrompesse a gravidez não teria que pagar divida alguma à sociedade. Mas não posso adoptar estas facilidades. Primeiro que tudo, sugiro que se atente ao número mágico 10. É de 10 semanas o limite. Em Inglaterra são mais. Porquê? Se há vida antes das 10 semanas, para além desse prazo pior. Por que é que se autoriza a IVG até mais tarde? Outro pormenor: desde a concepção, não há hipótese de se considerar vida a forma que vai habitar o aparelho reprodutivo? Se sim, porque é que se usa preservativo para evitar que ela siga o seu percurso natural?.
O que se vai perguntar, verdadeiramente, no referendo não é se se está a matar uma vida. Não se pergunta se se pretende liberalizar o "aborto". Não se vai instituir a IVG como método contraceptivo. Nada disto é verídico. Nada do que é vendido é o que se pergunta. A questão, para todos aqueles que forem votar, espero que muitos, é esta: deve ou não a mulher ser punida se decidir interromper voluntariamente a gravidez. Deve ou não continuar a ser punida, nos termos da lei penal, um ser-humano que decida escolher o que melhor entender para si, sem que a sociedade doutrinada a decida condenar.
A pergunta não é sobre a vida, é sobre as escolhas do ser-humano. Está a causa saber se aceitamos a Liberdade, ou se a contemos num baú.
20 Comments:
pelo sim
A propósito da vida e da moralidade, aconselho-o a visitar dois blogs do "inimigo" onde essa discussão tem sido tema central. Poderá ler vários post e comentários esclarecidos sobre o assunto:
http://www.direitoaviver.blogspot.com/
http://razoesdonao.blogspot.com/
E vai-me desculpar mas a vida é realmente a questão central neste debate. Diga-me: se lhe provassem inequivocamente que havia vida até às 10 semanas, continuaria a defender o aborto?
Mostrem-me, primeiro, inequivocamente, que há vida, depois podemos sempre conversar.
As discussões do "e se" são optimas para passar o tempo. Havendo dados concretos, podemos sempre discutir e chegar a novas conclusões. Mas a resposta à sua pergunta está no post.
Hmm, parece-me entao que precisa de esclarecer o seu conceito de vida.
O que define, para si, vida humana?! Pergunta concreta, sem segundas intençoes, só mesmo para tentar perceber o seu ponto de vista e tentar esclarecer aquilo que, para mim, é vida.
aborto intelectual é o que as campanhas do sim e do não andam a fazer. Verborreia mental chamo ao lixo palavrático que se gera à volta do assunto e que não adianta nada.
Só me resta brincar e rir, sempre retiro alguma utilidade do tema.
no dia 11 vou votar e não tenho necessidade de converter ninguém nem de pensar no assunto.
Anónimo, leia o post. Rui, se não pensa naquilo em que vota então podemos ter a certeza que vota bem.
Não se trata de converter ninguém, até porque o termo "converter" é usado para outras batalhas, mais clericais. O nosso exercício é apenas de esclarecimento. Não deixa de ter algum significado o facto de as únicas pessoas que aqui comentam serem defensores do NÃO. Disso, tiro uma conclusão: ainda estão na dúvida.
Lamento, mas nao esclarece o que é, PARA SI, a vida. Basear-se nas oppinioes dos outros é sinal que tem dúvidas e apesar de não considerar o tema central do que vai a votos sugeria que desse o beneficio da duvida e tentasse mesmo chegar a uma conclusão sobre o que é vida.
Como não seguiu o meu conselho, de reler o post, eu explico-lhe o que quis dizer: Não está em causa a vida humana, o seu começo e seu fim. Não está. Não Lê, em nenhuma linha da pergunta se se considera vida humana o feto. Não se pergunta. Pergunta-se se se concorda com uma escolha. O pergunta do referendo está no cabeçalho do blog, aconselho que a consulte.
Outra coisa: não tenha a veleidade de pensar que os apoiantes do NÃO estão empenhadíssimos a tentar saber se há vida ou não. Até lhe digo mais, veja os movimentos de médicos que o SIM congrega. Este não é um debate biológico. Porque se fosse, só uma parcela, bem reduzida, da população poderia falar autorizadamente. Ao que parece, o referendo é para todos os que possam votar, todos os cidadãos recenseados. Não me parece pouca gente.
Peço desculpa, mas falta dizer mais qualquer coisa: por esta altura do campeonato, já era de esperar que qualquer defensor do NÃO soubesse o que é vida humana para o defensor do SIM. Não lamente, limite-se a pensar.
Não percebeu.
a)Eu sei perfeitamente o que é a vida, quando começa e quando acaba
b)se quer entender que este referendo é so uam questao de liberdade da mulher...entao escapa-lhe o termo aborto (consulte o dicionario e verá o seu significado - Compreendo que tente substituir o vocabulo por um pomposo IGV, soa melhor ao ouvido, de facto)
c)O movimento de Medicos pelo Sim compreende de facto muito bons médicos. Contudo, aconselho-o a informar-se sobre outros médicos que integram muitos movimentos pelo Não. Nenhum deles formou um grupo civico oficial contendo a palavra Médico... é que sabe, nenhum deles está interessado em ganhar votos por ser um grupo de esclarecimento que contem no seu nome "Médicos"... sabe como funciona a sociedade portuguesa... "O sô Doutor diz, nós fazemos"... mas o que os sôs doutores dizem é que me assusta.
d)nao vou insistir mais com o tema da vida, esta visto que não sabe do que se fala e que mais uma vez é "por lapso" omitida do debate.
Para lhe provar que a vida não está em causa neste debate tem a lei actual, aqueles 3 casos do C.P
Tentaram inconstitucionalizá-la, palavra que nunca devo ter escrito, mas não conseguiram. Tem o acordão que diz como e porquê.
Ao contrário de nós, o senhor, ou senhora, está atacar todo e qualquer defensor do SIM, chamando, ainda que de forma indirecta, carneiro, por seguir a doutrina e mentiroso, ocultador da verdade mesmo.Acho que faz mal seguir esse caminho. Onde acha que se deve discutir a vida, eu acho que a discussão é outra. Naturalmente, tenho o meu conceito de vida humana. Também tenho é pudor de o andar a discutir de forma tão airosa, que me sirva para ganhar uma debate desta natureza. Com a vida não se brinca, nem se goza.
Se o senhor se auto-considerou como tal... eu cá nunca lhe chamei tal coisa.
Deixe-se de se fazer de coitadinho que parece-me que é capaz de bem melhor que isso
Então, obrigado.
De facto porquê 10 semanas? Porque não 20, 30 ou mesmo as 40? Em alguns estados dos EUA, chegámos mesmo ao ponto de asistir a infanticídios... Isto sim parece-me um gozar e brincar com a vida, mas sou só eu... Rita
Temos que fazer aborto sem limite de idade. Quando alguém dá trabalho e preocupação, basta mata-la!
Se tem dúvidas, não dispare!
Imagine-se numa caçada com o seu filho. Cada um está amoitado por detrás de uma árvore e não se vêm um ao ou outro. Vê mexer um arbusto mas assalta-o uma dívida: será uma perdiz ou é o meu filho que está ali escondido e que se mexeu? Não! É uma perdiz quase de certeza! Há uma hipótese muito, mas mesmo muito remota de ser o seu filho.
O que é que faz? Dispara?!
O que faz se vir um amigo seu que nesta situação está prestes a disparar? Deixa-o disparar em nome da liberdade?
Gostava de lhe perguntar em que altura é que você acha que se tornou o ser humano que é, único e irrepetível, com direitos e protegido pela nossa sociedade? às 10 semanas?
As 10 semanas todos os orgãos do feto estão formados e o único que não funciona ainda são os pulmões. Os olhos existem com pálpebras e pestanas.Os dedos têm a mesma impressão digital que terá aos 80 anos ...se deixarem.O coração bate e o figado funciona!!! Se não consideram isto vida, impossível é negar que se deixarem que nasca vão ter uma vida plena de ser humano, ainda que dependente para sobreviver da Mãe que o alimente cá fora, como o fez dentro do ventre desve o 1º dia de gravidez até ao momento do parto!Ou será uma planta?Ou uma pedra?Ou alguma víscera?Que tal suprimir o seu primeiro direito da constituição.. o direito à vida que possa vir a ter, seja ela boa ou má!É isso que nos pedem e eu a isso digo NÃO. Sim à Vida, tanto à visìvel como àquela em que ainda não conhecemos a cara! Rita Teles Branco
pelo sim a que? A morte? A vida?
DIGA NÃO NO DIA 11 DE FEVEREIRO.
EXISTEM PESSOAS QUE NÃO FORAM A ESCOLA (NÃO TIVERAM CIÊNCIAS NEM BIOLOGIA). ENTÃO SÓ DEPOIS DAS 10 SEMANAS É UM SER HUMANO? ANTES É UMA SEMENTE OU UM CAROÇO? HAJA PACIÊNCIA!!!!
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