segunda-feira, dezembro 11, 2006

Crise

Houve um tempo em que crise significava excesso, ou super-abundância, de algo. Lembro-me dos manuais de História, bem como de uma professora Marxista, me descreverem cenários em que as crises capitalistas eram devastadoras. Eram, de facto. Há relatos.
Subitamente, é o que temos, quando nesta temática pensamos: há um excesso de pronuncia. O Público Domingo fala disso. Os blogues falam disso. Gente e mais gente a falar da IVG. Gente e mais gente a dizer que fez. Gente e mais gente que diz "Deus me Livre". Seres-Humanos a constituirem tribunais ad-hoc para julgarem, na mais alta perfeição, os seus iguais.
A hipótese de referendo, ainda no auge da campanha do actual P.M, agitou qualquer coisa. Umas semanas antes do P.R marcar o dia, começámos nós, os bloggers. Os do NÃO, os do SIM, os católicos, os ateus, os Intelectuais e os outros.
Não se fala em mais nada.
Mas o que é que resta?
Argumentos morais, argumentos económicos, éticos, religiosos, pró-vida, pró-escolha. Tenta conquistar-se o voto com imagens, com videos, com verdade, com mentira, como for.
Mas o que é que resta?
Como defensor do SIM, gostava que restasse qualquer coisa. Gostava que qualquer pessoa pouco habilitada, pouco instruída fosse votar, convicta que estava a fazer a escolha que a sua consciência mandava. Gostava que se fosse á aldeia e se ouvisse o mais rude camponês dizer em que opção ia votar e porquê, tudo bem percebido, tudo bem explicado. Adorava que se fosse às ruas de lisboa e que qualqer transeunte dissesse que ia votar, porque é que ia votar e defendesse a sua posição, fosse ela qual fosse.
Será que poderei algum dia ver um País assim? Se reunir três factores, acredito: Consciência, Maturidade e Independência. Se souber pensar, discernir e fazer tudo isto livre de qualquer influência, tenho a firme convicção que terei orgulho no país, seja qual for o resultado.
Mais ainda: tenho a forte suspeita que, se se reunirem os factores, ganha o SIM e ganha o País.