quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Conversas à lareira

"(...) Não espero que Marcelo saiba o que é um aborto clandestino, ou o que sofrem as mulheres pobres que espetam agulhas ou praticam o aborto de vão de escada. Naquele mundo admirável e burguês onde vive uma existência doce o professor Marcelo, essas coisas simplesmente bnão são faladas, questão de educação. A hemorragia, o sangue, a pele furada, o útero escavado, a torpe operação clandestina, trabalho de mulheres sobre mulheres ao qual o professor é estranho e continuará, por razão fisiológica civilizacional, estranho,são coisas feias de mais. Os pobres são outro país, os ignorantes também. Quando era um político no activo, o professor saía muito á rua a cativar o voto dos pobres. Na verdade, os pobres em tempo eleitoral são como as mulheres que abortam, uma abstracção, um, digamos, «estado de alma». Eu nunca conheci uma mulher que abortasse por «estado de alma» ou «pequena depressão» ou por ter decidido «mudar de casa» (a minha razão favorita, das enunciadas por Marcelo). Nunca conheci, não creio vir a conhecer mas, não sei com que mulheres se dá o professor, não certamente as mulheres com quem eu me dou, que são assim tão tolinhas e aloucadas como ele insiste em retratarnos com picardia. Não abortam como quem muda a cor do cabelo. Onde viu o senhor tal coisa? Talvez no mundo da burguesia, com o seu discreto encanto, as mulheres consigam abortar quando mudam de casa ou quando estão com uma depressãozinha, no mundo real das mulheres que trabalham e sofrem e não controlam a sua vida, e onde um aborto em condições médicas custa uma fortunas nas clínicas privadas, posso garantir-lhe que ninguém aborta por «estado de alma», ninguém raspa o útero (desculpe a crueza), ninguém tem hemorragias e ninguém de deixa mutilar por «estado de alma». Se nãpo conhesse o professor Marcelo achava que ele estava a brincar com um assunto muito sério, com aquela graça que o caracteriza. Sei que não está, o que não o impede de usar o aborto e a descriminalização como uma plataforma de marketing político e auto-promoção, e de arma de arremesso contra o PS. Certos vícios não se perdem e , debaixo daquele ar de pássaro fugaz, rapidíssimo, o professor é uma águia. É um animal político da categoria dos predadores (...)"

Clara Ferreira Alves - Revista ÚNICA

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

CHAMAM A ISTO PRESTAR TODO O APOIO À MULHER GRÁVIDA?


REPAREM NA CRUELADE COM QUE A ICAR
TRATA ALGUMAS CRIANÇAS, MÃES E PAIS

(Estas notas não são para justificar a decisão de ABORTAR, mas somente elencar HIPOCRISIAS de

quem insiste em aplicar a sua falsa moralidade aos outros).



Se uma mulher for católica e caso a sua gravidez não tiver acontecido “dentro de um casamento

católico”, pode essa mulher baptizar o seu filho?

NÃO. (Eu sei, dá um presunto ao padre e ele assobia para o ar).



Tal como um católico que se divorciou civilmente, nunca mais pode ser catequista, padrinho/madrinha

de baptismo ou de casamento.



Poderá o seu filho (filha já sabemos que não pode…), se eventualmente sentir vocação para o sacerdócio, ingressar num seminário?

NÃO. Não pode, porque o seu nascimento ocorreu fora do casamento católico.

Também não pode se eventualmente, nasceu ou adquirir alguma deficiência (ver nota mais abaixo).



Um casamento católico pode ser dissolvido pelo facto de "ele" ser homossexual, apesar de poder procriar?

PODE. Porque é uma das condições para a dissolução.

Um casamento católico pode ser dissolvido pelo facto de "ele" ter uma amante?

NÃO PODE. Se "ele" tem uma amante não se pode dissolver, cabe lá na cabeça de algum invocar

tal argumento.

Se calhar é por isso que as senhoras de posição não abortam, os maridos vão para as amantes, e essas é que abortam.








Do texto do Padre Mário da Lixa de – 2007 FEVEREIRO 02 –



“Já reparastes (infelizmente, não temos procurado ser católicos bem informados e andamos quase

sempre muito distraídos do essencial) que o Código de Direito Canónico (CDC), da Igreja, ainda é

mais penalizador contra as mulheres católicas que abortarem do que a actual lei do Código Penal

português? Vede só esta barbaridade canónica: as mulheres católicas que abortarem ficam automaticamente excomungadas, portanto, fora da comunhão da Igreja! Nem é preciso

o Tribunal eclesiástico proferir a sentença. É automático! Porém, se as mulheres católicas grávidas,

para não serem excomungadas, decidirem levar a gravidez ao fim e, logo após o parto, matarem o

bebé, já não sofrem qualquer sanção canónica. Cometem, obviamente, um pecado mortal

de infanticídio, mas não sofrem nenhuma sanção canónica. Estremeceram com o impacto

desta revelação? Mas a realidade é esta.”



E eu acrescento, vimos PINOCHET responsável CONFESSO de milhares de mortes, receber o perdão

na hora da morte, ou mesmo antes. Então porque se é tão dura para uma mulher que aborta?





Continuando…





O Código do Direito Canónico "afasta" a possibilidade de ingresso nos seminários, qualquer deficiente

físico. Uma vez que pelo CDC nunca poderão ser ordenados sacerdotes.

A verdade é que nunca vi nenhum sacerdote com alguma deficiência física. Alguém conhece um

padre que tenha sido ordenado com uma deficiência física?



Apontem casos por favor.



Consultar o CDC em:

http://www.vatican.va/archive/ESL0020/__PV.HTM

“241 § 1. El Obispo diocesano sólo debe admitir en el seminario mayor a aquellos que, atendiendo

a sus dotes humanas y morales, espirituales e intelectuales, a su salud física y a su equilibrio psíquico,

y a su recta intención, sean considerados capaces de dedicarse a los sagrados ministerios de manera

perpetua”



Se o CDC fosse divulgado convenientemente...







PELO DIREITO À VIDA e À VIDA COM DIGNIDADE
ANTÓNIO

12:14 da manhã, fevereiro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

aí está a esperada anonimous, com a sua habitual fúria á Igreja!
a nossa ideia sobre as coisas varia consoante quem nos transmitiu a mensagem: com muita pena imagino que quem lhe deu a "experimentar" a Igreja deve ter sido alguém muito pouco diplomata, uma má pessoa, mesmo, porque a sua ideia de Igreja Católica é perfeitamente errada do princípio ao fim...
Mais uma vez com sincero amor por si (amor no sentido católico, global, que quer o bem do próximo) lhe digo que não é possível analizar a Igreja de fora, não se deixando envolver, experimentar, viver, entregar a 100%, sem exitar um bocadinho que seja: avaliar a Igreja de fora, sem a experimentar, é a mesma coisa que olhar para um queijo cheio de bulôr, que cheira mal que se farta, e achar que é o pior queijo do mundo, até provar e ver que é o melhor do mundo!
Para se perceber o Amor, é preciso Amar, até ao fim, até ao limite, e só aí é que se percebe o principio do sentido do Amor: para mim, é óbvio que a anonymous é alguém, concreto, que eu Amo, que eu gostava de ver Feliz, com aquela Felicidade que irradia, que se quer espalhar; com aquela Felicidade que, mais que tudo, ESTÁ lá dentro, vem de dentro, e nada a pode alterar, porque está fundada no verdadeiro Amor, naquele que um dia se deu a conhecer!
Anonymous, EXISTE esta Felicidade, este brutalidade de Amor que, experimentado, passará a ser o seu tesouro, a sua certeza, a sua pedra!
Saiba que é a Igreja, a mesma que, acredito, na vida lhe terá dado desgostos porque não encontrou quem transmitisse bem a mensagem, esta Igreja continua a pedir-lhe, ainda HOJE, que abandone as práticas que não lhe tocam no mais fundo dos mais fundos, mas apenas se baseiam naquilo que a anonymous quer muito que seja a verdade. anonymous, de um salto na confiança, não tome isto como atentado ao orgulho, não se deixe convencer pela dificuldade de abandonar o que hoje acredita: sabe, qualquer altura é a perfeita para econtrar o Caminho, a Verdade, a Vida, e acredite, é esta Felicidade que lhe pede que se deixe envolver por ela, que, com confiança, dê o passo que pode parecer em falso, no vazio, mas que é o principal passo na sua vida!
Ontem e hoje estive a rezar por si!

12:57 da manhã, fevereiro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

do correio não confidencial do Padre Mário



JANEIRO 13, Victor S.

Querido Amigo. Estamos na era de todas as hipocrisias de tal modo que ainda ontem ouvi uma senhora, cuja primeira reacção foi a de dizer à filha para abortar quando esta chegou a casa grávida e ainda solteira, insultar o marido por defender o SIM para o próximo referendo.
A propósito ou não, sei lá, junto uma pequena crónica que escrevi depois do referendo anterior e para um jornal que já não existe. Se quiseres usa-a. Trata-se de uma história com primeira pessoa, cuja protagonista poderá já não estar entre nós, mas que lembrarei sempre que for preciso porque não há consciência que possa ficar indiferente a vidas tão feitas de sofrimento e tão hipocritamente escondidas por todos quantos vêm para a praça pública manifestar-se contra a despenalização do aborto=deixar de ser possível perseguir legalmente as mulheres que tenham de recorrer a ele.
A conclusão que tiro nesta crónica é a que todos terão que tirar se, uma vez mais, o NÃO ganhar. Deixemo-nos de mais hipocrisias: a Lei é para se cumprir, não é para fazer de conta. Um abraço.



Muito bem, Amigo Victor, a crónica está um bocado forte, mas não pode ser de outra maneira.
Dói-me o coração pelos meus irmãos bispos e pelas leigas, pelos leigos que andam numa roda viva pelo NÃO. São cruéis. Sem coração. Sem o Espírito de Jesus, o de Nazaré. São fariseus, com pedras na mão.
Vou colocar a tua crónica no “Correio não confidencial” O meu bem-haja. E o abraço, Mário

Eis, pois, a crónica na íntegra:

CRIMINOSA PROCURA-SE...

Tem quarenta e nove anos, um filho com vinte e nove, um cancro em fase muito adiantada que lhe levou já os dois seios e encontrava-se ali e naquele estado por ter feito, dois dias antes, um "desmancho" clandestino.
Encontrei-a por acaso, numa unidade de saúde do Porto e não sei o que nela mais me impressionou: se a debilidade física que se manifestava no seu aspecto frágil e sofrido, se a aflição e a tristeza que lhe escorriam do olhar e do rosto secos e gastos pelo tempo e pela doença.
Depois de assistida na urgência e de ter recebido uma demorada transfusão de sangue, a sua história desfiou-se num murmúrio sobressaltado:
" - Sabe?! Eu tenho quase cinquenta anos, o meu filho mais velho está quase nos trinta... Apareceram-me uns caroços e tirei os seios há seis anos. Já fiz muitos tratamentos e dizem que é maligno. Sabe como estas coisas são?!... com tantas preocupações não tomei os cuidados e fiquei grávida. A princípio achei que não era nada, se calhar era dos tratamentos, mas depois vi que era verdade e não sabia o que fazer. Está a ver... com o meu problema, o meu marido e os meus filhos... fiquei com medo. Fui ao médico de família para ele me ajudar. O médico é muito boa pessoa, mas disse-me que não podia fazer nada, que a minha saúde não corria perigo com a gravidez, que eu devia ter tido mais cuidado. Eu ainda lhe expliquei que era a minha doença, a minha idade, isso assim, mas ele disse que não era legal. Não era legal... Já viu?, nesta idade, com um malzinho ruim... e grávida. Acha que uma mulher da minha idade e doente tem forças para trazer um filho na barriga? Eu sei lá se não morria antes dele nascer!?... Eu não sabia o que fazer à minha vida e foi uma senhora que ia também aos tratamentos no instituto que me indicou uma clínica, para os lados de Aveiro. Fui lá, paguei cem contos, fizeram-me o desmancho e mandaram-me para casa no estado em que viu..."
Na altura pensei compreender o drama da tal mulher e as razões físicas e psicológicas que a levaram a abortar clandestinamente e guardei para mim o pedaço de vida que me tinha sido segredado. Agora, depois das coisas que vi e ouvi nos jornais, rádio e televisão da boca de políticos, responsáveis da igreja, médicos e outras figuras públicas com responsabilidade, tenho que reconhecer que a minha atitude é legalmente condenável e não me resta outra solução que não seja a denúncia aos tribunais deste crime e mandar a mulher para a prisão. Suponho que ninguém esperará da minha parte outra atitude depois da Assembleia da República ter votado a favor da condenação criminal das mulheres que recorrem ao aborto nestas circunstâncias. Tenho muita pena, mas a Lei é para se cumprir.
Por isso, e porque, talvez impressionado com a história da mulher, não tive em conta no momento que estava perante uma criminosa, não fixando o seu nome e endereço, venho pedir a quem saiba do seu paradeiro que faça o favor de mo comunicar para a entregar à justiça

1:14 da manhã, fevereiro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

F

e eu rezo para que Deus o ilumine e consiga VER no que está transformada a SUA casa.


Mas, não deu uma única resposta.

O que está no CDC só é invocado
quando dá jeito

Onde está a proibição da ordenação de mulheres?
Enquando porque não assobiam para o ar? Pois aí não dá jeito.

Já agora há dias disse que o JP2 era um hipocrita e mantenho.


Ele soube ( ou a cúria soube) manipular a sua imagem.

Manipular sim. Quando JP2 visitava algum estado era recebido na qualidade de CHEFE DE ESTADO do VATICANO.

SEMPRE passou a ideia que um chefe de Estado recebia O PAPA.

Lembra-se da visita do Papa PAULO VI a Fátima. Não fez o teatro do JP2. O avião pousou em Figo Maduro
e romou de Heli para Fátima e aí é
que RECEBEU o Salazar e o Tomás, porque considerou que veio em visita pastoral e não como chefe de estado.
O Salazar ficou fulo. Chegou a ponderar não ser recebido.

Respeito tenho pelo Papa João XIII
esse sim transformou a Igreja, mas morreu cedo.

No concílio do Vaticano II, o Aborto foi discutido. Havia divisão entre os 900 Bispos.
Não foi tomada uma posição favorável nem desfavorável.
E foi momeada uma Comissão de Leigos para emitir um parecer.
Essa comissão com casais americanos, suecos, franceses etc
tomou posição pelo Aborto( Não, não foi pelo Aborto LIVRE) Foi pelo aborto.

A pressão da cúria foi enorme que o Papa PAULO VI, deixou-o na gaveta.

Isto passou nos documentários sobre a ICAR que a RTP2 passou a horas tardias.

Mas há muita gente que sabe mas cala.

Admiro o Papa JOÂO PAULO I ( primeiro )o que o matou, foi a fragilidade do seu coração, que não aguentou o fardo que herdou do seu antecessor, dos escadânlos financeiros que o banco do VATICANO
estava mergulhado, com operaçõs com a Mafia, armas e pornografia.

Que fez o hiprocrita do JP2?
Operação de charme ...
Infelizmente resoltou...

AS pessoas têm a memória curta e há sempre quem ajuda a apagá-la.


Que Deus o ajude a ver melhor a podridão da ICAR e da sua Cúria

António

1:42 da manhã, fevereiro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Bravo, Bravo, Bravo, adeptos anonimous e António!
É bom ver que nós, do sim, só gostamos de atacar, desrespeitar e ser malcriados com os do Não, sobretudo no que se refere ao ataque á sua Igreja!!!
se queremos convencer pessoas a votarem Sim, também acho que o caminho é tentar por todos os meios destruí-los, e ser arrogantes e mal criados...
TENHAM CABEÇA, n se convence ninguém tentando arrasá-los, deitando-os abaixo...
TENHAM ALGUMA CABEÇA....Espero que a vossa campanha n se tenha resumido ao que manifestam aqui...

2:16 da tarde, fevereiro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Bem a pessoa que escreveu este primeiro comentário

NÂO SABE O QUE DIZ NEM DIZ O QUE SABE! E pouco sabe da igreja católica!

1º Se tiver um filho fora do casamento pode baptizá-lo sim senhor...não só pode como deve. Porque o filho também é filho de Deus, e não tem culpa dos pecados do pai.

E NEM PRECISA DE PRESSUNTOS!!!!

2- Um católico que se divorciou civilmente, PODE DAR CATEQUESE!!! Desde que não se tenha casado novamente.


3-É claro que o filho pode entrar num seminário! Melhor, se sentir vocação, não só pode, como DEVE ENTRAR, e basta ler a História da igreja para ver quantas situações destas aconteceram.

E destas coisas eu sei porque fui seminarista.

Agora as pessoas com deficiências não podem ser padres...mas isso tudo tem razão de ser.

SE AS PESSOAS LESSEM O CATEQUISMO DA IGREJA CATÓLICA TALVEZ SE INFORMASSEM MELHOR!!!Em vez de andarem para aí cegas a atirar pedras e sem saber o que dizem.

11:22 da manhã, fevereiro 10, 2007  

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