quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O "Era e não era"

Sei que já vou tarde. Também sei que o meu distinto colega de blog já escreveu, de várias formas, sobre o que me proponho a falar de seguida. Simplesmente faço-o porque se há coisa de que não goste é mentiras e mentirosos.
Por falar em mentiras, sei de algo que não é mentira nenhuma: a pergunta do referendo.
Numa estratégia arrojada, (para ser simpático) há quem defenda, no tocante à pergunta, que ela é falsa, porque tem um sofisma escondido lá pelo meio e que se está perante uma liberalização.
Vamos lá esquecer isso.
Primeiro, o sofisma escondido. Mas é possível alguma dúvida existir perante algo tão claro? Repare-se no tamanho, repare-se na forma. Deixa pouca margem de manobra, deixa pouca discricionariedade na aplicação pós-referendo.
Segundo, a liberalização. Atente-se ao seguinte: 10 semanas, Pedido Pela Mulher, Exigência de um Establecimento de Saúde Autorizado. São 3 requisitos. Conhecem alguma liberalização tão ardua como esta? Eu não. Tecnicamente, liberalizar é autorizar sem condições. Ora, eu conto 3 delas. Como é?
Há algo ainda a dizer, neste final de campanha. Parece que votar Não também dá para mudar a lei. Não contesto as possibilidades jurídicas (que, ao que sei, são manifestamente poucas ou nenhumas). Tenho presentes duas coisas: A primeira é que o P.M já disse que não se altera lei nenhuma se o Não ganhar. A segunda é uma questão de moralidade. Então, não se concorda com essa alteração ao C.P (que é o que se pretende de facto!) mas concorda-se em mudar a lei, para uma solução "a fingir"?
Aguardo pelo dia 11.
Pacientemente.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Claro que a pergunta do referendo não está correcta e pretende claramente enganar os portugueses. Se o Sim ganhar o referendo o Aborto não fica simplesmente despenalizado. Fica legalizado, liberalizado e patrocinado pelo Estado( ou seja passa a ser pago com os nossos impostos) . Onde é que isso está na pergunta? Escrever "por opção da Mulher não é uma condicionante", mas precisamente o contrário, significa que não há qualquer restrição a essa opção. Por alguma razão 6 dos 13 juizes do tribunal Contitucional votaram contra a pergunta e fizeram declarações de voto extremamente criticas à pergunta.SE o referendo for aprovado entra em vigor uma lei que os defensores do Sim nunca mostraram claramente durante a campanha e que pouco tem a ver com pergunta que se vai votar.

8:17 da tarde, fevereiro 08, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Claro que a pergunta do referendo está feita e muito bem feita. Se o Sim ganhar no referendo, o aborto serrá despenlizado até às 10 semanas.
Claro que não fica liberalizado, porque se ficasse não haveria necessidade de qualquer lei, porque a liberalização remeteria o assunto simplesmente para a esfera privada abstendo-se o Estado de qualquer legislação.
Claro que a mim me preocupa muito mais que os meus impostos sirvam para financiar a Igreja Católica em situação de privilégio sobre as outras confissões, do que para financiar a IVG.
Claro que a despenelização feita em instituições de saúde autorizadas remete,desde logo, as abortadeiras para a clandestinidade, e muito bem.
Claro que se 6 juives votaram contra, exerceram o seu direito de voto. O problema seria se 6 dos 13 tivessem votado contra e fossem eles a levar a melhor.
Claro que se no referendo ganhar o SIM, significa que a maioria votou por ele e ninguém obrigará os defensores do não à IVG.
Claro que houve quem votasse favoravelmente a pergunta no parlamento e que agora diga que está mal formulada...
Claro que há quem defenda agora a maternidade, mas que no governo atentou contra os direitos das mães, reduzindo o tempo de licença de maternidade...e, claro, onde estiveram então os apoiantes do não que ninguem deu pelos seus protestos?

11:57 da tarde, fevereiro 08, 2007  

Enviar um comentário

<< Home