sábado, janeiro 27, 2007

Reflexões

Já escrevi aqui (http://pelo-sim.blogspot.com/2007/01/srio-igreja-no-me-larga.html) como achava errado, como católico, que os membros da Igreja usassem o púlpito e as missas para fazer campanha, embora lhes reconhecesse toda a legitimidade para fazer campanha. Imediatamente fui atacado por alguns leitores que eu só sabia atacar a Igreja, que não sabia discutir mais nada,até que depois de ler o que eu escrevi ia votar Não. Muito bem, depois de ameaças de excomunhão, de acusações de terrorismo, de comparações com a execução de Saddam, o Cardeal Patriarca D. José Policarpo ( que é para mim das vozes mais razoáveis que tem intervido nesta discussão) vem apelar que não se use o púlpito para fazer campanha e apelar à serenidade de forma a acalmar as posições pouco ponderedas de alguns membros do clero. atenção, não fui eu qu o disse ok?

Uma segunda nota para algumas coisas que se tem ouvido nos últimos dias e em que se ouve destacados defensores do Não a dizer que concordam com a despenalização, não acham que a mulher deve ser presa, que se deve acabar com o crime por abortar, mas votam Não. Aliás, segundo o Semanário SOL apenas um dos movimentos pelo Não e o CDS-PP defendem que a penalização do aborto deve continuar. É só a mim que isto soa mal? Então votam Não porquê? Porque é que dizem que nos outros países que despenalizaram a IVG não a liberalizaram quando muitos foram muito mais longe que nós? A sério, expliquem-me, porque assim tanto eu, como muitos apoiantes do Não ( como alguns que eu conheço) ficamos confusos, e não percebemos porque é que afinal tais pessoas estão a defender o Não.

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Meu caro amigo,

A própria pergunta é confusa, logo só pode causar confusão. São estratégias por parte de quem as faz...

Sugiro, a cada um de vós, e a bem da tolerância e amplitude de visão, que leia o Argumentário Resumido pelo Não.

Da minha parte, confesso que quanto mais leio os argumentos do "sim", mais me inclino para o "não". E são cada vez mais as pessoas a quem está a acontecer o mesmo.

Melhores Cumprimentos,
David Sanguinetti

8:24 da tarde, janeiro 27, 2007  
Blogger pedro almeida said...

Pelo honesto esclarecimento das dúvidas da segunda parte do seu post, e como cidadão que votará Não e é a favor da despenalização, venho expor o meu ponto de vista.

Vários deputados e ministro até porpuseram nos últimos anos a despanlização do aborto, ou seja, a alteração à lei que termina com a penalização (julgamentos e penas) de toda e qualquer mulher que aborte, mantendo na lei que seja necessário um motivo para que realize um aborto legalmente. Os motivos previstos actualmente na lei portuguesa são os mesmos que a lei espanhola permite. aplique-se a lei actual e temos os seguintes: gravidez resultante de violação ou outro crime sexual (4 meses), risco de malformação do feto (basta o risco - 6 meses) ou perigo para a saúde física ou psíquica da mulher (3 meses).
Retirar a pena e, por consequência, os julgamentos, é aquilo que pessoalmente defendo, e que pessoas como Marcelo Rebelo de SOusa (www.assimnao.org), Rosário Carneiro (PS) ou Freitas do Amaral também. A quase generalidade dos movimentos pelo Não também.

O que vamos votar no referendo não é uma pergunta, é uma alteração à lei. E essa diz que o aborto até às 10 semanas seja despenalizado, e após isso seja penalizado, sem se exigir causa para abortar. Após engravidar, a mulher tem 10 semanas para decidir prosseguir a gravidez ou então abortar, e neste caso sem acompanhamento psicológico e sem ter que informar ninguém, nem mesmo o pai da criança. Mesmo que seja casada, não tem que informar o marido. Mesmo que seja menor, não tem que informar os seus pais. É pura e simplesmente livre de realizar um aborto, sozinha.

É por não querermos que as coisas sejam feitas assim, deste modo, que votamos Não. Não é por querermos ver mulheres na cadeia, é por acharmos que merecem mais e melhor do que o que esta lei lhes reserva. É por se achar que não se deve desresponsabilizar nem alhear da decisão o homem (a propósito disto peço-lhe que leia o artigo sobre o Machismo e o Aborto no meu blogue).

Acaba-se com os julgamentos? Eu gostaria muito que sim, acredite, mas esta lei só fala nas primeiras 10 semanas, que nem de longe representam todos os abortos ilegais. Estamos ainda a esquecer que um dos principais factores do aborto ilegal não é o facto de ser crime, mas de ser confidencial. E veja bem, não será confidencial no Serviço Nacional de Saúde, como já explicou o Ministro Correia de Campos.

É o fim dos abortos clandestinos? Depois das 10 semanas não. Para quem não tem dinheiro para um aborto numa clínica privada, e só tem para um ilegal, não é.

Sim à despenalização e a um eficaz combate ao aborto clandestino. Não a este referendo que tem a ver, de facto, com o livre aborto até às 10 semanas. Não à liberalização. Assim, não. Doutra forma, Sim.

Obrigado pela atenção, espero ter ajudado.

10:15 da tarde, janeiro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Desculpe ser tão directo. O sr. como católico deve ter assistado à Santa Missa esta semana e terá, concerteza, reparado na carta que S. Paulo escreveu a Tito. Pedia-lhe para repreender severamente, para orientar os fiéis.
Eu não sou Tito, mas a mensagem é eterna. E sigo, agora, o conselho de Paulo.
Amigo e irmão, se és católico tens de obedecer à Santa Igreja. A Igreja proibe qualquer tipo de aborto. Por isso tu, amigo católico, se dizes "sim" ao aborto, és um mero protestante. E não és católico. Tão simples quanto isto.
fica em paz. Rezo por ti e pela tua real conversão.

10:30 da tarde, janeiro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

" obedecer à Santa Madre Igreja ".

À mesma que excomunga quem vota SIM?
NÃO OBRIGADO!

À mesma que perdoa um assassino?
NÃO OBRIGADO!

À mesma que silenciou o holocausto?
NÃO OBRIGADO!

À mesma que acolhe e "recupera" os padres pedófilos americanos?
NÃO OBRIGADO!

À mesma que diz a uma mãe solteira para ter o seu filho, MAS NÃO LHE PERMITE QUE O BAPTISMO, porque é mãe solteira. ( e nessa condiçaõ NUNCA será aceite num seminário)

Eu sei com "jeitinho" o padre esquece e baptizA, faz de conta que não sabe...
NÃO OBRIGADO!

À mesma que não aceita o aborto quando há má formação do feto, mas também não admite que um deficiente
possa ter vocação para o sarcedócio
e por isso não O admite nos seminários.
NÃO OBRIGADO!

À mesma que há trinta "boicota" o Educação sexual nas escolas?
NÃO OBRIGADO!

1:12 da manhã, janeiro 28, 2007  
Blogger Pedro said...

Tiago,

E agora um aparte.

Desculpa lá mas só retiro ódio, ataque e vontade de perseguição do amigo EBP. Boa parte da vivência cristã também é saber perdoar e não julgar os outros (pelo menos cegamente, pois cada um tem as suas razões).

«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados» (Lucas 6,37)

Já agora fica a leitura: http://www.taize.fr/pt_article4032.html

Isto fala um cristão afastado da "Igreja" que se "fartou" de fundamentalismos.

8:29 da manhã, janeiro 28, 2007  
Blogger Pedro said...

Pedro Almeida escreveu:

"Retirar a pena e, por consequência, os julgamentos, é aquilo que pessoalmente defendo, e que pessoas como Marcelo Rebelo de SOusa (www.assimnao.org), Rosário Carneiro (PS) ou Freitas do Amaral também. A quase generalidade dos movimentos pelo Não também."

Retirar a pena é mesmo isso, des-penalizar, que é o que está em questão neste referendo. Portanto até aqui, apesar de irmos votar de forma diferente, tudo de acordo.

"Após engravidar, a mulher tem 10 semanas para decidir prosseguir a gravidez ou então abortar, e neste caso sem acompanhamento psicológico..."

Penso que está previsto acompanhamento psicológico destes casos.

"É por se achar que não se deve desresponsabilizar nem alhear da decisão o homem (a propósito disto peço-lhe que leia o artigo sobre o Machismo e o Aborto no meu blogue)."

É legítima essa questão, mas, em última análise, é do corpo da mulher que se trata e nisto é como se tratasse do voto de qualidade. Julgo que a larga maioria dos casais serão os dois intervenientes neste processo.

"É o fim dos abortos clandestinos? Depois das 10 semanas não. Para quem não tem dinheiro para um aborto numa clínica privada, e só tem para um ilegal, não é."

Quem não tem dinheiro fá-lo no SNS. Pelo menos resolve-se o problema até às 10 semanas. Se se votar NÃO fica tudo na mesma.

Para terminar gostava de perceber a 3ª via que o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa defende. Ainda não percebi qual a solução que propõe.

Cumprimentos.

8:41 da manhã, janeiro 28, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Meu caro amigo Pedro,

Não responderia melhor a este "ataque" de um anónimo.

No fundo, este anónimo representa bem uma fasquia já com alguma importância na sociedade portuguesa; porém, felizmente não suficientemente significante.

Trata-se de uma fasquia que prega a tolerância, e é completamente intolerante com as escolhas religiosas de cada um.

Fala em liberdade, mas são os primeiros a impor os seus modos de vida aos outros.
Em relação a esta questão do aborto, dizem-se mais uma vez como defensores da "liberdade", quando não sabem o que é liberdade, e a confundem com "livre arbitrio".

Felizmente, houve alguém que pisou esta terra e nos ensinou a viver uma vida que pode ser extraordinária. Porém, teimosamente, não aceitamos, nem procuramos sequer perceber aqueles que a aceitam.

Este amigo cola aqui frases tipo, e nem tão pouco me parece que se preocupe muito em saber o significado de permitir a morte de um indefeso, que se preocupe com o significado do perdão, que se preocupe em estudar a História, que se preocupe em conhecer o significado do baptismo, nem em conhecer os benefícios de uma relação saudável entre namorados, marido e mulher.

Mas é assim... Desde que surgiu esta história dos Partidos, vão surgindo cada vez mais homens partidos; felizmente, ainda há bastantes homens inteiros.


Um abraço,
David Sanguinetti

12:02 da tarde, janeiro 28, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Eu também sou do SIM...
mas com uma condição que não sei se a lei vai contemplar.
Alguém me pode esclarecer?... alguém sabe se a lei vai ter efeitos retroactivos?... há alguns que estão tão interessados em abortar que eu achava que se a lei tivesse efeitos retroactivos eles podiam escolher para si aquilo que os pais por causa da lei ser tão má não fizeram para eles... acho que todos nós do SIM deveríamos ter esse direito... querer que a lei tivesse efeitos retroactivos para nos podermos abortar a nós próprios e assim não ter que aguentar estes miseráveis do não que Não nos querem dar esse direito...
Aborto SIM... e com retroacção... digam lá os do SIM que Não!
Miguel
magisteradest@gmail.com

7:58 da tarde, janeiro 29, 2007  
Blogger Pedro said...

Hum... O meu comentário ao último comentário:

9:09 da tarde, janeiro 29, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Há os que são a favor da despenalização do aborto e votam Não no referente.
Há os que são contra o aborto e votam Sim no referendo.
Para mim? São todos iguais.
Eu voto não, porque sou totalmente contra o aborto... aliás, não se deveria estar a falar de aborto, mas sim de homicidio... qualquer homicidio é farinha do mesmo saco... desumano, sádico e preverso e por isso condenável com pena de prisão.
Infelizmente ainda está para vir a lei que proíba veemente todo o tipo de aborto.

12:21 da tarde, janeiro 30, 2007  
Blogger Pedro said...

Não percebo uma simples coisa: Qual é a solução dos que são a favor da despenalização mas votam não?

Que efectivamente haja uma despenalização, mas contudo a IVG seja um crime?

Que as mulheres sejam arrastadas para os tribunais sem no entanto haver pena?

Que não haja em Portugal assistência médica na IVG e consequentemente a continuação e agravação do problema da IVG clandestina?

Que a IVG continue a ser uma questão de quem pode pagar tem mais segurança/saúde e quem não pode sujeita-se?

Gostava de ouvir as respostas a estas perguntas de alguém que se assuma a favor da despenalização mas que vai votar Não.

Eu sou CONTRA a IVG mas vou votar SIM!

12:51 da manhã, janeiro 31, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Uma nota de rodapé... Segundo me contou um passarinho do mundo editorial como diria o Gato Fedorento...a ultima vez que vi, não existiam assassinatos e homicidios despenalizados, ou seja, eram todos clandestinos... da última vez que vi era assim. Não tarda muito passamos a despenalizar os homicidios e assassinatos para os deixar à consciencia de cada um, assim até têm razão acabavam-se logo os homicidios clandestinos. Sensato? Não me parece... tenham juízo

3:53 da tarde, janeiro 31, 2007  

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