domingo, fevereiro 11, 2007

Conseguimos!


RESULTADOS: Total do País
Freguesias apuradas
4260
Freguesias por apurar
0
Inscritos -8832628
Votantes - 3851613 - 43.61%
Em Branco - 48185 - 1.25%
Nulos - 26297- 0.68%

Opções
Votos: %

Sim - 2238053 -59.25%

Não - 1539078- 40.75%

Percentagem calculada sobre votos validamente expressos (brancos e nulos excluídos)
FONTE: STAPE


Ver o Mapa do País aqui!

O norte

Quem olha para os resultados do Norte, principalmente do interior tira 2 conclusões:
- que a abstenção é grande, o que prova o desinteresse pelo assunto;
- que o Não predomina, o que prova que a Igreja aonda tem grandes influências por estas partes. do país.
Para quem acompanhou as declarações da Plataforma Não Obrigado pensa que está noutro país.
Ainda não perceberam que o que esteve em causa não foi a liberalização, não perceberam que mais 1 milhão de portugueses foi votar e que mais de 1 milhão(mais ou menos o que faltava para a vinculação) esteve impedido de votar, porque são emigrantes.
Afirmam que o referendo nãoé vinculativo, então e há oito anos foi? Dizem que venceu a cultura da morte (Blogue do Não).
Os portugueses falaram, é pena que eles não tivessem percebido a mensagem.

Sócrates

Falou muito bem, foi ponderado e directo. Explicou bem que se vai regulamentar, e o que se regulamenta não se liberaliza.
Explicou o que vem a seguir. E o que vem a seguir já tinha sido explicado, é pena que muitos não tenham percebido.

Sociedade

Isto é uma vitória da sociedade, não dos partidos.
Jerónimo erra ao referir-se à vitória nas áreas de influência do PCP. Isto foi tudo menos uma vitória partidária.Espero que Sócrates não vá pelo mesmo caminho...

Marques Mendes

Pelo menos assume que se deve respeitar os resultados , como em 1998, quer dizer que se deve legislar não é? Ficam registados para os próximos dias.

Campanhas

Parece consensual que a campanha decorreu de forma pacífica.
Pois eu não penso assim.
Ao fim destes meses, cansado de me chamarem assassino e abortista, neste lado da luta, que são os blogues, esta vitória sabe-me duplamente bem: porque ganharam as mulheres e porque se provou quem tinha razão.
Parabéns aos militantes do Não que não se deixaram ir no caminho da falácia. Mas só a esses.

Rapidez

Pelo andar das coisas isto hoje vai acabar cedo.

Marcelo

...recomenda uma interpretação serena dos resultados. Mas o que é uma interpretaçâo serena? Não é despenalizar?
Entretanto diz um médico na SIC: "o 11 de fevereiro não é o 25 de Abril das mulheres". Qual a relação não percebo.

Rapidamente

Se começa a percebr o mau perder. Principalmente de Ribeiro e Castro. Atacar Sócrates nesta noite faz tudo menos sentido.

É errado gritar vitória

Não deitando foguetes, mas....

Na RTP.
Na SIC.
Na TVI.
E no STAPE.

Fight night

Odete Santos e Maria José Nogueira Pinto na SIC. Vai ser lindo.

Abstenções

Disse-se agora na SIC-N que a abstenção é sempre inflacionada em 6% a 7% devido a ekeitores que deviam ter sido limpos dos caderdos eleitorais e não foram.

Mentem

A confirmar-se a abstenção projectada, entre 56% e 60% apenas se confirmam 2 coisas.
A primeira é que os portugueses continuam a marimbar-se para o exercício democrático.
A segunda é que é muito mais fácil votar ao telefone do que deslocarmo-nos até às urnas de voto. Mentir ao telefone, e parecer bem ao dizer que se vai votar, é muito mais fácil do que exercer o seu dever de cidadania.

Acompanhamento

Pode acompanhar a par e passo a contagem dos votos a partir das 20h no site do STAPE.
Às 12h o nível de participação era de 11,57%, e às 16h de 31,31%.
Baixo, muito baixo.
A partir das 20h dizemos mais qualquer coisa.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

E porquê Votar SIM!

Começamos este blogue há cerca de um mês, começamos com uma Carta de Intenções, carta esta que definia o que se ia fazer neste espaço temático, lutar pelo Sim neste referendo, tentar elevar a discussão, tentar esclarecer as pessoas sobre o que discutia e tentar convencer os portugueses a votar no Sim!

Votamos SIM, porque pensamos que a penalização do aborto até às dez semanas deve acabar , pois é um problema de "pena" que se discute. Não há crime sem pena, e de penas trata o Código Penal, não apenas de crimes. "Não há crime sem pena", ensina-se nas faculdades de Direito e estas propostas, as do "Não-light", que se têm apresentado nos últimas são em tudo inviáveis.
Votamos SIM, por uma questão de saúde pública. Pergunta-se: " se o Não vencer os abortos vão acabar?" Não. Bem gostariamos que fosse assim, aí, todos votavamos Não. Mas como o aborto não vai acabar, o que se prefere? Que continue a ser um crime (e mesmo sem pena é crime) e a mulher seja arrastada para clínicas, parteiras, vãos de escada, sem informação qualquer e sem qualquer acompanhamento ou protecção. Para situações sem qualquer tipo de higiene médico-sanitária, onde muitas vezes há complicações irremediáveis que levam a profundos choques na mulher, psicológicos e físicos, complicações que por vezes as colocam à porta da morte, ou as tornam infertéis. Preferimos isto, ou preferimos que a mulher, que decide em consciência abortar até às dez semanas (e em quem confiamos plenamente), seja acompanhada em segurança, por médicos profissionais, em condições de higiene e saúde, e às quais é fornecida um acompanhamento médico-psicológico que, mostra a experiência internacional, muitas vezes a leva a não abortar e a seguir em frente com a sua gravidez.

Votamos Sim, porque queremos acabar com a liberalização que se vive actualmente na IVG. Sim, porque actualmente não existe, quaisquer regras para se abortar, o aborto faz-se, cá, em qualquer altura da gravidez. Isto Sim é a liberalização do aborto, não o que se vai referendar agora.

Votamos SIM, porque protegemos a Vida, uma vida digna para a criança que vai nascer, uma vida digna para a mulher, e o casal, que decide ter um filho porque o quer amar. Não uma vida indesejada, que leva ao abandono de bebés à nascença num qualquer beco. Votamos Sim pelo direito da criança a ser amada e a ter uma vida condigna, com o amor e desejo dos seus pais.

Votamos SIM, porque o actual Código Penal empurra as mulheres para o aborto clandestino, porque as sujeita a julgamentos humilhantes, a exames genitais para se provar se abortou ou não, ao vexame de julgamentos públicos, à tortura de passar por um julgamento depois de ter passado por um momento que já é em si demasiado traumático e que envolve um estado emocional extremo. Convém dizer que a maior parte das mulheres julgadas fizeram abortos antes das 10 semanas. "Não julgues, e não será Julgado".

Votamos SIM, porque queremos acabar com a hipocrisia, que o "olhar para o lado" e fingir que o aborto clandestino não existe, que o aborto Não existe sequer. Ele existe, ele deve ser combatido. E isso não envolve apenas a despenalização, mas também o planeamento familiar, os métodos contraceptivos, a educação sexual (capaz) nas escolas e em família. O aborto não se vai tornar num método contraceptivo em si, não queiram passar a imagem que a mulher é uma "leviana" que aborta por um "estado de alma". Não é, é um ser responsável, e no último caso, o Estado está lá, para a aconselhar no melhor caminho a tomar.

Votamos SIM, porque ao despenalizar o aborto o Estado fica responsável pela saúde fisica e psicológica da mulher. E sendo assim a mulher fica mais protegida. Se não se pratica nenhuma ilicitude, se a prática for totalmente autorizada até às 10 semanas incumbe às instituições estatais zelar pelos melhores interesses da mulher e orientá-la, se ela precisar. Se não cumpre as suas obrigações criminosa não é a mulher, é antes o Estado, incumpridor.

Por tudo isto, e mais se poderia dizer, Votamos SIM no referendo!

Lisboa, 9 de Fevereiro
Eduardo Pinto Bernardo
Duarte Oliveira Cadete

É preciso Votar

Independentemente das sondagens que hoje se publicam, que são para todos os gostos, 98 ensinou-nos algo: até ao lavar dos cestos é vindima.
É por isso mesmo que é preciso apelar ao voto, é preciso ir votar no domingo, nem que seja para acabar com esta discussão de uma vez por todas.
Privados que estamos de fazer campanha até às 20h de Domingo há que ser pragmático. Pretende-se , acima de tudo, que o povo português mostre que é capaz de executar um simples exercício de cidadania.
O referendo é o instituto máximo de democracia, é a voz directa do povo que se manifesta, num tema que se revela de interesse nacional. A Constiuição e lei do referendo prevêm a sua vinculatividade a partir dos 50% de participação (embora como já explicamos retire o exercício de voto a alguns, somando-os aos abstencionistas), e ao fixar tal limite, pretende que o resultado de um referendo vincule tudo e todos, inclusive o próprio legislador, que ficará obrigado a legislar, ou a abster-se de tal acto. Assim sendo, pede-se que seja o cidadão comum o executor priveligiado de uma alteração legislativa.
Votar no domingo é um exercício, não só de cidadania (vote-se Sim ou Não), mas também uma prova de responsabilidade democrática. Provar ao legislador que não só se interessa pelo tema como quer resolver uma questão fracturante na sociedade portuguesa.
No Domingo, Vote Sim ou Vote Não, mas Vote!

Eduardo Pinto Bernardo
Duarte Oliveira Cadete

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Conversas à lareira

"(...) Não espero que Marcelo saiba o que é um aborto clandestino, ou o que sofrem as mulheres pobres que espetam agulhas ou praticam o aborto de vão de escada. Naquele mundo admirável e burguês onde vive uma existência doce o professor Marcelo, essas coisas simplesmente bnão são faladas, questão de educação. A hemorragia, o sangue, a pele furada, o útero escavado, a torpe operação clandestina, trabalho de mulheres sobre mulheres ao qual o professor é estranho e continuará, por razão fisiológica civilizacional, estranho,são coisas feias de mais. Os pobres são outro país, os ignorantes também. Quando era um político no activo, o professor saía muito á rua a cativar o voto dos pobres. Na verdade, os pobres em tempo eleitoral são como as mulheres que abortam, uma abstracção, um, digamos, «estado de alma». Eu nunca conheci uma mulher que abortasse por «estado de alma» ou «pequena depressão» ou por ter decidido «mudar de casa» (a minha razão favorita, das enunciadas por Marcelo). Nunca conheci, não creio vir a conhecer mas, não sei com que mulheres se dá o professor, não certamente as mulheres com quem eu me dou, que são assim tão tolinhas e aloucadas como ele insiste em retratarnos com picardia. Não abortam como quem muda a cor do cabelo. Onde viu o senhor tal coisa? Talvez no mundo da burguesia, com o seu discreto encanto, as mulheres consigam abortar quando mudam de casa ou quando estão com uma depressãozinha, no mundo real das mulheres que trabalham e sofrem e não controlam a sua vida, e onde um aborto em condições médicas custa uma fortunas nas clínicas privadas, posso garantir-lhe que ninguém aborta por «estado de alma», ninguém raspa o útero (desculpe a crueza), ninguém tem hemorragias e ninguém de deixa mutilar por «estado de alma». Se nãpo conhesse o professor Marcelo achava que ele estava a brincar com um assunto muito sério, com aquela graça que o caracteriza. Sei que não está, o que não o impede de usar o aborto e a descriminalização como uma plataforma de marketing político e auto-promoção, e de arma de arremesso contra o PS. Certos vícios não se perdem e , debaixo daquele ar de pássaro fugaz, rapidíssimo, o professor é uma águia. É um animal político da categoria dos predadores (...)"

Clara Ferreira Alves - Revista ÚNICA

A voz da Rita

A ler este excelente texto de Rita Ferro Rodrigues, no Blogue do SIM.
Carminho & Sandra

Campanhas

Sou daqueles que pega em tudo o que lha dão para a mão, nem que seja para deixar no próximo caixote do lixo. hoje deram-me um panfleto, muito artesanal, imprimido em casa talvez. Mas a sua mensagem irritou-me um pouco pela falta de seriedade com que era apresentada.
Não era apenas o feto abortado, uma imagem muito para além das 10 semanas que se referendam, nem a ecografia de um fato que estava mais perto dos 5 ou 6 meses do que das dez semanas.
Era mesmo o que estava na primeira página. Uma criança africana, sub-nutrida, a morrer nos braços da mãe, rodeados de moscas e depois a mensagem: " ela também é pobre, mas não abortou o seu filho".
Mais abaixo o espectáculo rebentava, uma imagem de um boletim de voto e a frase magnífica: " Se a tua mão te tivesse abortado, hoje não estavas cá para votar SIM! Como ela não te abortou, vota Não".
São coisas como estas que cada vez mais me convencem a votar SIM!

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O "Era e não era"

Sei que já vou tarde. Também sei que o meu distinto colega de blog já escreveu, de várias formas, sobre o que me proponho a falar de seguida. Simplesmente faço-o porque se há coisa de que não goste é mentiras e mentirosos.
Por falar em mentiras, sei de algo que não é mentira nenhuma: a pergunta do referendo.
Numa estratégia arrojada, (para ser simpático) há quem defenda, no tocante à pergunta, que ela é falsa, porque tem um sofisma escondido lá pelo meio e que se está perante uma liberalização.
Vamos lá esquecer isso.
Primeiro, o sofisma escondido. Mas é possível alguma dúvida existir perante algo tão claro? Repare-se no tamanho, repare-se na forma. Deixa pouca margem de manobra, deixa pouca discricionariedade na aplicação pós-referendo.
Segundo, a liberalização. Atente-se ao seguinte: 10 semanas, Pedido Pela Mulher, Exigência de um Establecimento de Saúde Autorizado. São 3 requisitos. Conhecem alguma liberalização tão ardua como esta? Eu não. Tecnicamente, liberalizar é autorizar sem condições. Ora, eu conto 3 delas. Como é?
Há algo ainda a dizer, neste final de campanha. Parece que votar Não também dá para mudar a lei. Não contesto as possibilidades jurídicas (que, ao que sei, são manifestamente poucas ou nenhumas). Tenho presentes duas coisas: A primeira é que o P.M já disse que não se altera lei nenhuma se o Não ganhar. A segunda é uma questão de moralidade. Então, não se concorda com essa alteração ao C.P (que é o que se pretende de facto!) mas concorda-se em mudar a lei, para uma solução "a fingir"?
Aguardo pelo dia 11.
Pacientemente.

Votas? Não, não posso!

Acho inequívoco que interessa às duas partes deste referendo que a votação seja expressiva e se atinja o ponto de vinculatividade, pois aí a decisão deixará de ser do político, pois foi adoptada pelo povo no voto, e arruma-se de vez a questão.
Mas parece que neste país em que a população está tão afastada da decisãom política e cada vez mais os níveis de abstenção crescem (seja e que eleição forem) não se está muito importado com o facto da abstenção neste referendo contar ou não.
Primeiro porque os portugueses que estão no estrangeiro a trabalhar, estagiar, estudar não podem votar. Não podem votar porque a Constituição prevê que eles possam ser consultados no caso da questão a referendar seja do seu interesse a o nosso decisor entendeu que nesta caso não é. E atenção, não estamos a falar de pessoas que moram no estrangeiro e têm nacionalidade portuguesa, estamos a falar de pessoas que dentro de meses vão voltar ao páis onde a proposta que vai ser referendada está a ser aplicada. Convém dizer que os militares e o pessoal consular pode votar. Parece que há cidadãos de primeira e segunda.
Depois vêm os jovens que estão a estudar no continente e moram nas regiões autónomas e não têm meios de se deslocar às ilhas para irem votar. Pois, ao contrário do que ocorre na maior parte das eleições desta vez não podem votar por carta.
Perguntam, mas se tal pessoas estão impedidas por lei de votar , então não contam como população eleitoral. Mentira. Contam para abstenção, tão pura e simplesmente. Eles e todos os que votam em branco e votam nulo. tudo conta para abstenção.
É bem triste que pessoas que querem exercer o seu direito de voto não possam fazê-lo e depois o seu voto ainda conte como abstenção. Mas são as leis que temos, para o país que temos.

Debate






















Aos que queiram, aos que tenham dúvidas, a todos.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Afinal somos todos pelo Sim

Recebi este e-mail de uma grande amiga, acérrima defensora do Não e que ,com a sua devida autorização, publico:
" Meu caro amigo Eduardo:
Devo dizer que desde Sábado que me sinto confusa e desiludida. Parece que afinal vais vencer com 99%. Vences. E vences, porque pelo que tenho visto e ouvido nos últimos parece que só eu neste país é que defendo que o aborto é um verdadeiro crime, que é atentado contra uma vida humana e que como tal deve ser punido com uma pena de prisão. Parece que o resultado vai ser de 9.999.999 votos Sim e 1 voto Não (desculpa os números não precisos), o meu, porque de repente parece que deixou de importar se o aborto é um crime ou não e como tal deve ser punido gravemente.
Agora não, agora parece que o importante voltou a ser a mulher e não o feto, pois não importa se este é assassinado. Porque é que há-de importar, se parece que todos defendem que a mulher que o proíbe de viver não é punida.
Dia 11 muitos vão votar Não, mas parece-me que cada vez menos existem "Nãos" como o meu. O Não que realmente responde Não à despenalização, Sim à pena de prisão para a mulher que aborta e nega ao feto o seu direito de viver. Tudo o resto é hipocrisia e tentativa de retirar aproveitamento político deste referendo. É pena que já não se fale com seriedade disto, mas é o país onde vivemos.
..."
Não é propaganda ao Não, mas acho que é um ponto de vista que deve ser partilhado.

Sim e Não

Vamos lá esclarecer umas coisas, porque parece que a confusão reina neste mundo do referendo. Quando foi suscitada a pergunta e o PR decidiu convocar o referendo eu sempre pensei que o Sim defendia a despenalização, ou seja, a alteração da lei, e o Não defendia a penalização, ou seja , que a lei continua-se como está. Agora já não sei nada.
Então vamos por partes:
1º - a Constituição não permite que se referendem leis, logo a pergunta (objectiva, clara e precisa) tem que conter o máximo de informação, mas não pode conter toda, logo se as mulheres depois vão estar sujeitas a uma pré-avaliação, ou pré-consulta, como acontece na Alemanha, Suiça, Dinamarca, Bélgica, França... é uma questão da lei que vai ser aprovada. E acho que já ficou assente que é assim que vai ser. Aliás não passa pela cabeça de ninguém, inclusive da mulher e do médico, chegar lá e " vamos lá fazer o aborto? - Tá bom!". Não estupifiquem nem as mulheres nem os médicos;
2º - o Não rapidamente se aproxima do Sim, porquê? Para tentar convencer aqueles indecisos que não querem que as mulheres sejam presas, mas ficam na dúvida depois de ouvirem os do Não a dizer que o aborto está a ser liberalizado (que repito, pelo que disse a cima, não está). E assim chamam as pessoas ao seu lado. Mas pergunta-se: tal é possível? Que o Não ganhe e se despenalize? NÃO. E Não, porque ao fazê-lo vão estar não só a desvirtuar o voto das pessoas que querem a penalização, e desvirtuar o resultado do referendo, mas sobretudo a violar a Constituição, que prevê expressamente no art. 115º que se o resultado for positivo o legislador está Obrigado a legislar, e se for negativo, o legislador Abster-se-á de legislar sobre o assunto. Ao fazê-lo viola não só a Constituição como a lei do referendo e a lei que resulte de tal é acto inválida ( não no termo jurídico tá?)
É isto, tao pura e simplesmente o que está em causa, quem defende a despenalização da IVG até às dez semanas, por opção da mulher e realizada em estabelecimento de saúde legalmente autorizado: vota SIM. Quem quer manter a actual lei: vota Não.
Até porque foi esse o entendendimento consensual do Tribunal Constitucional (leiam a decisão se não acreditam em mim): o voto no Não significa que a actual lei mantém-se como está.
Eu pensava que nesta altura este assunto já devia estar assente, mas afinal não está e custa-me ver tantos ilustres juristas a defender uma solução que não pode ser acatado de nenhuma forma. Não é a "birra" do Sr. Sócrates, é a Constituição, a Lei e o Tribunal Constitucional que o dizem!

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

só mais uma pergunta

Só mais uma pergunta e prometo que é (ou talvez não) a última.
Ontem propôs-se, pela parte do Não, que a caso de o Não ganhar se aprove uma de duas leis: ou se retira a pena a crime de aborto(?) ou se cria uma excepção para a mulher que aborta, uma espécie de estado de necessidade, como promove o professor Freitas do Amaral (e diferentemente do Prof Marcelo), e em que continua a ser crime e a mulher em tribunal tem que provar tal estado de necessidade e ,se o provar será absolvida, se não, condenada.
O PM disse que não. Disse que não porque não quer desvirtuar o voto das pessoas que votam não, de pessoas, como eu conheço muitas, que querem que a mulher seja penalizada, que querem que o aborto seja um crime.
Então a pergunta será mesmo essa: não se estará a desvirtuar o voto no Não se se despenalizar o aborto (porque é o efeito prático) no caso do Não ganhar?

Prós e Contras

Parece que afinal um não chegou. Parece que desta vez as hostes vão ser mais mobilizadas. Parece que mais um confronto se avizinha.
Faça-me só um favor, se ainda estiver indeciso por esta altura, evite. Porque se está indeciso, e com as tensões que te têm vivido, logo à noite vai ficar ainda mais.

domingo, fevereiro 04, 2007

Explicações

Coloco apenas duas perguntas para que alguém me elucide. Espero que desta vez respondam mais perguntas do que aqui, que é para eu arrumar as ideias:

1-se os do Sim, são os desumanos, os criminosos, os abortistas, os assassinos, e as pessoas do Não os que defendem a Vida a todo o custo e acham que a Vida deve prevalecer a qualquer custo, contra a autodeterminação da mulher inclusive, então porque é ainda não ouvi ninguém
( salvo o Prof. César das Neves e o Eng. Fernando Santos que foram silenciados rapidamente) defender a revogação das alíneas c) e d) do nº1 do art.142 do actual Código Penal, respectivamente o aborto justificado pela violação da mulher (que põe em causa a sua autodeterminação sexual, e os casos em que a criança pode nascer com má formação congénita, como por ex. trissomia 21? São formas menores de vida? Pois eu vivo com uma pessoa, com problemas mentais, há muitos anos e não é nenhuma forma menor de vida, antes pelo contrário.

2- Qual é a intenção dos defensores do Não de , de repente, virem todos defender a despenalização da mulher ? E dessa forma atrair eleitorado confuso enquanto proclamam que Não se pode fazer, mas se se fizer não se sofre qualquer consequência. Então o efeito final não é o mesmo que deixar fazer?
Pois, mas o Sim é que tem um Sim light, um sim obscuro, um sim mentiroso. Os outros são uns santos.

Hoje continuo para citações

"O Não ganhou em 1998. O que mudou? Nada. Mas não prometia o Não de então, que as coisas mudariam, como prometem hoje? Prometiam. O que mudou? Nada. As mulheres continuaram a abortar clandestinamente, a morrer e a esvaírem-se em sangue nas urgências dos hospitais quando o citotec e outros falhavam no vão de escada da parteira que sabia fazer o desmancho ou na casa de banho de casa. Afinal, o Não ganhou, mas nada mudou. Afinal, o aborto continua liberalizado (já é!), livre das 0 semanas aos 9 meses, feito quando e como se quer, em estabelecimentos não autorizados. O Sim quer tentar mudar, seriamente, estas coisas, que continuam desde que o Não ganhou em 1998. O Sim quer eliminar o aborto clandestino, a morte desnecessária, tornar o aborto raro, mas seguro. O Sim quer mudar o que o Não já provou não mudar. O Sim quer acabar com a criminalização, despenalizando a mulher, que o Não continua a criminalizar e penalizar (há mulheres condenadas neste país, mas eles gostam de fingir que não!). O Sim quer antecipar uma outra capacidade de resposta à mulher, permitindo que em vez da amiga ou do oportunista, seja um médico a aconselhá-la, evitando se necessário o aborto, que seria sempre clandestino. O Não ganhou em 1998, está na hora de mudar de práticas, de política, de lei. O Sim é essa mudança. O Não é perpetuar o que já se provou estar errado. "

"Se o Sim ganhar?, perguntam eles. E o Não quando ganhou, como foi? Pois!" ,por Miguel Marujo, no Sim no Referendo

Prazos

Daqui por uma semana, vamos a votos.
De há uma semana para cá, começou a campanha. Que campanha foi essa?
Tirando o habituais tempos de antena, acho que neste "referendo II", inverteram-se os papeis e os protagonismos. Em 98 tinhamos uma data de senhoras que tinham confessado o número colossal de abortos praticados. Viamos manifestações na Rua de mulheres a afirmarem que o corpo era delas, faziam o que queria dele. Tinhamos um Governo sem posição, mas um P.M totalmente contra.
Hoje é tudo tão diferente.
Pelo SIM, os partidários da despenalização voluntária da gravidez, moderadamente, tratam de esclarecer quem não tem opinião formada. Distribuem os seus panfletos, marcam a posição, de uma forma muito mais nobre, e mesmo mais esclarecida, mostrando a aprendizagem com os erros do passado. Este passo foi essencial. Não cair em extremismos, exageros e falácias muito perigosas, foi central para o caminhar até aqui.
Assim sendo, faço votos para que a postura se mantenha.

sábado, fevereiro 03, 2007

Carta aberta de Crentes para Crentes


A despenalização do aborto não opõe crentes a não crentes. Porque o que nos é perguntado neste referendo não é se somos ou não a favor do aborto mas sim quem é pela penalização da mulher que aborta até às 10 semanas e quem é contra essa penalização e pela consequente mudança da lei.

A despenalização do aborto não opõe adeptos da vida a adeptos da morte. É perfeitamente compatível ser-se – em pensamentos, palavras e obras – contra o aborto, por uma cultura de vida plena e em abundância, e defender-se que a lei do Estado não deve impor que as mulheres que, em concreto, recorrem ao aborto nas 10 primeiras semanas de gestação sejam julgadas e punidas por essa decisão. A despenalização não impede ninguém de continuar a bater-se pelas suas ideias e de lutar contra a prática do aborto. Mas sempre e só pelos seus argumentos e pelo seu testemunho, não por imposição da lei mais grave de todas, a lei criminal. Mais ainda: se todo o empenho em favor da promoção de condições de vida que desincentivem o recurso ao aborto é louvável, estamos crentes de que um tal trabalho só ganhará em credibilidade se deixar de ser feito à sombra de uma lei que mantém a ameaça de julgamento e de prisão para as mulheres.
Só com a despenalização do aborto, eliminando o aborto ‘escondido’ e clandestino, vai ser possível montar serviços de aconselhamento e apoio às mulheres que enfrentam o dilema de pôr ou não fim a uma gravidez indesejada. Na Alemanha, por exemplo, este serviço é prestado também por organizações católicas.

Os muitos homens e as muitas mulheres crentes que respondem SIM à despenalização do aborto até às 10 semanas afirmam uma convicção essencial: a de que não é nunca pela espada da lei que a fé se afirma, mas sim pela força do testemunho de vida e pela densidade do amor ao próximo. Na dureza de cada caso concreto e não por princípios gerais e abstractos. A um drama (o da mulher que aborta) não se responde com outro drama (o julgamento e a prisão dessa mulher). Todas e todos sabemos que a essas mulheres não se responde com uma lei que manda julgar e punir mas com compreensão e respeito. É isso, e só isso, que está em causa no referendo do próximo dia 11 de Fevereiro.

E a isso respondemos SIM.

VOTE CONTRA A INJUSTIÇA, PELA DIGNIDADE.

Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo SIM (recebido por e-mail)

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Hoje estou para citações

Mais um texto lúcido por Ana Sá Lopes:

"A campanha do referendo sobre o aborto entrou na recta final. Se isto não foi bom, agora só pode piorar. Já eram expectáveis os folhetos mais ou menos terroristas que alguns leigos católicos têm distribuído pelas caixas do correio ou nas mochilas das criancinhas dos infantários de Setúbal. Já era previsível a comparação do aborto à "pena de morte" ou as mulheres que abortam a "assassinas" ou ainda a difusão da teoria de que a prática do aborto, caso seja despenalizada, será igualzinha à moda do telemóvel, tese popularizada pela eminência do "não" João César das Neves. Para quem esperava o pior, o pior não surpreende. Se Salazar está em vias de ser eleito o melhor português de sempre, é não conhecer o País imaginar que as coisas podiam correr melhor. Isto é isto. É isto - mal de quem o ama (ou não se livra). Independentemente da vantagem do "sim", quase todas as sondagens assinalam uma descida das intenções de voto favoráveis à despenalização de Outubro para cá. Foi mais ou menos isto que se passou em 1998 - o "sim" perde terreno à medida que a campanha avança, porque o ruído é desmobilizador e a confusão instalada é propícia à abstenção. Mas, ao contrário do que diz Mário Soares, uma vitória do "não" será uma tragédia - perde-se a última oportunidade para acabar com uma alínea do Código Penal hipócrita (a prática do aborto, desde que clandestino, é socialmente mais aceite que a do incesto, por exemplo, que não é considerado crime à luz do Código Penal). Perde-se a última oportunidade para acabar com uma lei que condena as mulheres pobres às parteiras de marquise e à investigação judicial sobre a sua vida íntima, que não acabará com a suspensão de julgamentos defendida por boas almas que vão votar "não" no dia 11.
A derrota do "sim" será, efectivamente, uma tragédia: a menos que, numas próximas eleições legislativas, seja eleita uma mulher primeira-ministra - se Paula Teixeira da Cruz for candidata, eu voto PSD - não haverá mais referendos nem homens capazes de mudar a lei na Assembleia da República. A vidinha, os panfletos católicos, o lugar de Salazar enquanto grande português, esses continuarão habitualmente. "
DN de Hoje 2.2.1007

E mais um SIM por Vasco Pulido Valente:

«De qualquer maneira, e apesar do alarido geral, a pergunta do referendo é limitada e concreta: quer, ou não quer, o eleitorado acabar com o aborto clandestino até às dez semanas de gravidez? Nada mais. O "não", sem defender o regime presente, alega que esta medida irá aumentar e "normalizar" o aborto. E, para evitar esse perigo, aceita que milhares de mulheres paguem um preço de sofrimento e de humilhação (a maioria infelizmente por ignorância e miséria). O "sim" prefere acabar com o mal que vê e pensar depois no mal que vier, se de facto vier. O referendo é um acto político, que se destina a mudar a sociedade (idealmente, para melhor) e não resolver um debate. Claro que, se o "sim" ganhar, o Estado, na prática, "oficializa" o aborto. Mas triste de quem espera do Estado uma fonte de legitimidade moral. Por mim não, espero. E voto "sim". »
Público de hoje 2.2.2007

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Debates

Para quem não sabe a TSF transmite de segunda a sexta, entre as 20,00h e as 21,00h, um debate entre um defensor do Sim e outro do Não.
O debate de hoje foi dos mais equilibrados e aprazíveis de se ouvir: entre José Manuel Pureza e Padre Feytor Pinto. Vale a pena perder um pouco de tempo e ouvir.
Já agora ouçam também esta entre Daniel Oliveira e o prof. João César das Neves (bem violento. ou este entre a Fernanda Câncio e Laurinda Alves ( que assume que a lei actual se devia manter, pois é igual à espanhola, logo, os abortos deviam ser possíveis até às doze semanas. São opiniões.).

Descubra as Diferenças

O campanha ainda agora começou e já está a dar as últimas.
Uma carta, uns panfletos de uns Americanos que se queixavam da decisão da "Corte Suprema"...
Se há uns dias escrevi que os partidários do SIM e do NÃO queriam o mesmo, hoje sei que menti a mim próprio. Há diferenças e elas são gritantes.
Para já fico-me com uma afirmação: jamais mostraremos mulheres mortas em tentativas de interrupção voluntária da gravidez mal sucedidas.
Está Prometido.

Seriedade(2)

Desculpem voltar ao assunto, mas havia coisas que não sabia ontem quando coloquei o post. Não sabia, por exemplo, que o panfleto "Como foste capaz de me matar" foi enviado por um colégio pertencente a uma IPSS aos pais das criançase os intermediários foram: as próprias crianças. Não sabia, como ouvi ainda agora na TSF, que o Responsável de tal IPSS não acha o panfleto ofensivo e nem acha que a imagem do feto abortado podia impressionar e chocar as crianças. Não sabia que o panfleto tinha chegado à IPSS vindas de outra instituição da Igreja e que foi interpretado como uma função da Igreja: informar. Não sabia que foi mandado às educadoras porem tais folhetos nas malas das crianças com ordens de os entregar aos pais, tendo mesmo uma criança dito :"mãe, tenho uma prenda para ti".
Não sabia nada disto, e como não sabia até me ri com tal panfleto além de o achar vergonhoso. Agora não acho, acho ainda mais. Acho uma falta de decência de quem o fez e uma alta de decêndia de quem usa Crianças, repito, crianças para fazer campanha. Quem haje assim não tem direito nenhum para falar de ética ou moral, porque não tem nenhuma.

Revista de Imprensa

Lá está o DN a fazer outra vez campanha pelo SIM. Parece que já nem o o GPLPMJ é isento neste debate.